Pensada para beneficiar os moradores do Nordeste brasileiro, a transposição do Rio São Francisco já causa impacto na região: moradores de locais vizinhos à obra ficaram desolados por não conseguir vagas de trabalho e alguns se queixam de problemas com indenização.
“Ninguém aqui teve oportunidade porque chegou as empresas e pegou a obra aqui e acabou empregando só o pessoal de fora. A gente até tentou, tentou muito, até a obra parar, mas aí a gente não teve oportunidade de entrar”, conta o agricultor Cícero João.
Há cinco anos, os agricultores foram contactados por técnicos do Ministério e negociaram terras, casas, benfeitorias que ficavam no caminho do canal. Alguns tiveram problemas com a indenização. “A indenização que eles queriam pagar à gente não bate com a realidade da nossa localidade. O preço do solo, o preço das cercas, da algaroba, nem sequer tá batendo com a tabela do próprio Ministério”, conta o agricultor Márcio Parente. Ele diz que está sem poder plantar e sem condições de sobreviver.
Em dezembro, a paisagem da fazenda Sanharó mudou com a chegada de equipamentos. O lugar virou ponto de encontro de quem procura serviço. Agenor Gonçalves conseguiu um contrato de vigia das caçambas. “Toda hora, é: ‘Agenor, chegou alguma pessoa da empresa?’ Não, por hora não tem. Porque eles marcaram pro dia 2, depois pro dia 4 e até hoje eles ainda não chegaram”, relata.
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