O parlamentar escorregou em alguns temas e não falou, de maneira alguma, sobre a candidatura do seu herdeiro político à prefeitura, Silvio Costa Filho (PTB). Ele frisou, no entanto, que o prefeito não ouviu os aliados, nem convenceu o eleitor administrativamente. Apoiá-lo, portanto, seria um “suicídio eleitoral”. “O Recife não quer João da Costa”, disparou. Ainda de acordo com Silvio, só há um caminho para se reestabelecer a unidade na eleição recifense. Ou PT troca o candidato ou apoia um nome da base de Eduardo.
O que mudou na Frente Popular de 2010 para cá?
Saímos juntos em 2010, porque respeitamos o povo de Pernambuco, que queria manter o governador Eduardo Campos (PSB) à frente da gestão. Ele estava dando certo, como dá certo até hoje. Por isso, formamos essa frente política que é a maior na história de Pernambuco. Partindo dessa premissa, saímos todos juntos. Agora, nas eleições de 2012, a gente mais uma vez terá que respeitar a opinião do povo do Recife. E o povo do Recife está dizendo que não quer João da Costa.
A unidade acabou?
Essa questão de João da Costa é profundamente preocupante. É preciso desmistificar a história de que existe a Frente Popular do Recife. Não existe. O meu partido, o PTB faz um ano que saiu da gestão João da Costa e não melhorou nada. O deputado federal Eduardo da Fonte (PP) foi o segundo deputado mais votado do Recife, é um ator importante no processo. Ele nunca foi ouvido em nada. O PSC, de Cadoca, que compreende a cidade do Recife, nunca foi procurado. Nessas turbulências só existem dois culpados: primeiro é João da Costa, que está sendo reprovado pelo povo do Recife. O segundo é o próprio PT. Como é que você tem um prefeito e o próprio partido fica fragilizando ele? O que significa? Os aliados vão cometer suicídio eleitoral?
O que precisa ser feito para se reverter isso?
Se o PT quer realmente formar uma Frente Popular do Recife, tem que fazer dois gestos. Vamos apresentar outra alternativa e isso tem que ser já para dar tempo de construir o discurso. Se o PT quer realmente falar em unidade, o primeiro gesto é dizer: vou mudar o candidato. Outra coisa: Por que, necessariamente, a prefeitura tem que ser do PT? Esta semana, o prefeito de Olinda, Renildo Calheiros (PCdoB), fez um gesto belíssimo, dizendo “olha, eu estou à disposição da frente, se as condições não forem favoráveis”. Uma outra questão que eu queria deixar claro é: domicílio eleitoral foi uma coisa inventada pela ditadura. Política não é um assunto geográfico, as pessoas votam em propostas. Ganha o candidato que conseguir chegar na cabeça e no coração das pessoas. É apequenar o debate falando de domicílio eleitoral. Não dá para dizer que FBC (Fernando Bezerra Coelho) transferiu o título para retaliar o PT. João da Costa é de Angelim.
Mas o ministro fez a troca de domicílio justamente no momento que o PT recebeu Odacy Amorim em seus quadros…
Ele fez isso no tempo da política. Transferiu o título porque é legítimo que todos os partidos da base se coloquem na medida que temos esses problemas. O PT tem 12 anos no Recife, será que o povo quer continuar com 12 anos no PT?
O ministro deu a impressão que trocou o domicílio só porque o filho dele é candidato em Petrolina.
A forma como o ministro se colocou não é relevante no processo. Se o PT acha que a prefeitura é propriedade dele, não poderia estimular uma candidatura em cima dos aliados e em algumas cidades estratégicas para a aliança.
O senhor tem visto outros ministros fazendo críticas a prefeitos? Isso não leva a briga local para dentro do governo Dilma Rousseff?
O governo Dilma não é um governo do PT, é de coalizão. Por que os partidos aliados de Dilma têm que se engessar? Ninguém está criticando Lula, Dilma, estamos criticando uma gestão que não está dando certo. Se o PT continuar insistindo e a gente apoiar João da Costa, a gente vai criar a Frente Impopular do Recife. A gestão dele não chegou à casa das pessoas, nem na autoestima do recifense.
Essa é uma opinião sua ou do PTB? O senador Armando falou algo semelhante.
Pelo PTB, quem fala é o senador Armando Neto, sobre candidatos do PTB, quem fala também é ele. Efetivamente, precisamos fazer uma alerta. A gestão de João da Costa não deu certo, lamento dizer isso. E o PT está com um problema. Você acha que, se o candidato for João da Costa, João Paulo apoia? E vice-versa? Se o PT quiser apresentar um nome, tem que ser um tertius. Mas, será que Humberto Costa (o terceiro nome) vai ter discurso? Ele vai dizer: “meu partido estava com problema e agora eu vou para o sacrifício” Que justificativa teria Humberto Costa? A coisa é mais ampla do que se imagina. Nós não podemos ficar reféns dos problemas do PT. Levar esse debate até maio é só desgaste.
Os aliados do prefeito dizem que João Paulo teve uma rejeição semelhante. Tanto é que o senhor se lançou candidato em 2004.
Graças a Deus, tenho coerência. Lembro que, naquela eleição, fui candidato pelo PMN porque entendi que a gestão de João Paulo realmente tinha rejeição, mas não era administrativa, era política. Ele tinha uma rejeição na classe média acumulada de Lula. A maior prova é que, quando ele começou a mostrar o que ele fez, a rejeição sumiu.
Fonte:Pernambuco.com
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